Irmã do paciente disse que ele e autor do disparo são amigos há 30 anos: 'Júnior daria a vida por ele'. 
Atirador contou a policiais que disparo foi acidental e pediu socorro assim que houve o tiro.
O Bombeiro Civil Francisco Nonato Júnior, de 38 anos, foi baleado na cabeça há quatro dias e, desde então, está internado em estado grave em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo a família, a bala que o atingiu continua alojada e ele deve passar por avaliação médica que deve avaliar a possibilidade de cirurgia.
“Está respirando com ajuda de aparelhos e com pressão alta. O pessoal vai avaliar se ele pode passar por cirurgia para tirar a bala. [...] Meu desejo agora é ver meu irmão bem”, disse a irmã de Francisco, a cuidadora Jordana Fernandes.
O paciente está internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Segundo a unidade de saúde, essa avaliação que poderá dizer se Francisco pode ou não passar pela cirurgia de remoção da bala deve ser feita na segunda-feira (14).
Também segundo o Hospital, o quadro dele é grave e estável. Francisco “está sedado e em respiração mecânica”, completa a nota.
Segundo registros policiais, Francisco foi baleado na cabeça na quarta-feira (9) enquanto bebia na casa de um amigo, que é guarda civil em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Nos relatos, consta que o disparo aconteceu acidentalmente, enquanto o autor mostrava a arma para o bombeiro civil.
Por meio de nota, a Guarda Civil Municipal de Aparecida de Goiânia informou que o servidor foi preso, mas liberado pela Justiça para responder ao processo em liberdade.
O comunicado também esclarece que a arma disparada é de propriedade do próprio servidor, que a tem de forma legal, e que "por ele estar afastado há dois anos por cumprir mandato classista não será aberto processo administrativo".
A corporação também disse que está prestando toda a assistência à família do bombeiro baleado (leia nota na íntegra ao final da reportagem).
Jordana disse que o irmão e o guarda cresceram juntos e são amigos há 30 anos, muito próximos, e que tem vontade de entender direito o que aconteceu, conversar com o guarda, que ela também conhece há anos.
“Quero perguntar, olhando no olho dele, o que aconteceu. O Júnior amava ele. Daria a vida por ele”, comentou.
Devido à situação delicada do irmão, a mãe deles, que mora em Ipiranga, no norte goiano, pediu ajuda e conseguiu dinheiro suficiente para fazer a viagem até a capital - já que a família não tinha condições financeiras de arcar com os custos.
Após pedidos de auxílio feitos pela TV Anhanguera, Jordana disse que conseguiram trazer a mãe para perto neste domingo (13). Agora, ela disse que tentam viabilizar a viagem para o irmão, que mora em Belo Horizonte.
“Estamos ainda recebendo ajuda que está sendo de muita serventia, porque não temos boas condições e está ajudando muito”, agradeceu.
A família também chegou a reclamar que não estava recebendo muito apoio da Guarda Civil Municipal de Aparecida de Goiânia. A corporação, no entanto, afirma que tem ajudado sim os parentes.
Mãe de bombeiro civil baleado na cabeça por amigo pede ajuda para vir a Goiânia
Disparo
De acordo com o registro da Polícia Civil, a PM foi acionada para atender a ocorrência de disparo de arma de fogo e, ao chegar na rua onde o fato ocorreu, encontrou um carro e bloqueou a passagem. Conforme os policiais, o guarda desceu do veículo desesperado, com as mãos para o alto, dizendo:
"Salva meu amigo. Matei meu amigo. Matei quem não devia".
Dentro do carro, uma pistola calibre 380 foi localizada. Eles foram até a residência do guarda, a poucos metros dali e encontraram a vítima deitada no chão, imóvel, ao lado de uma lata de energético, várias garrafas de cerveja e do estojo deflagrado.
Nota da GCM de Aparecida de Goiânia:
A Guarda Civil Municipal de Aparecida de Goiânia informa que tem prestado toda a assistência e dado o apoio necessário a esposa do bombeiro atingido acidentalmente por um Guarda da Corporação.
Informa ainda que a arma disparada era de propriedade do GCM, que possui por Lei, direito a porte de arma. Explica também que por ele estar afastado há dois anos por cumprir mandato classista não será aberto processo administrativo e que ele responderá civelmente pelo ato cometido. Ele permanece afastado das funções por tempo indeterminado
Sobre a ajuda para trazer a mãe do bombeiro para Goiânia, a Secretaria de Defesa Social informa que está fazendo contato com os familiares para viabilizar o transporte dela para perto do filho.
A GCM informa ainda que o guarda civil foi liberado pela Justiça e responderá o processo em liberdade.
fonte: G1